Passei trinta e poucos anos da vida achando a cozinha o cômodo menos importante da casa, mas ao mesmo tempo o mais estiloso (André chama de “cozinha parisiense”). A minha sempre foi bem decorada e bastante pouco usada.
Mas afinal, para que uma mulher moderna, do século XXI, precisava esquentar a barriga no fogão? Pra que precisava saber o que era um fouet? Um silpat? A utilidade do tomilho (o que era tomilho?)? O mundo da comida-fora-de-casa (e na casa da mãe) era tão mais próximo, convidativo, rápido e prático.
Frase de impacto em conversas agradáveis: “Minha família tem 34 mulheres. 33 cozinham. Uma fez doutorado”.
Assim era minha vida/relação com a cozinha.
Então vieram Cecilia e o pediatra de Cecilia, que fez a melhor introdução alimentar da história da Via Láctea.
Junto com uma criança que come super bem, nasceu uma feminista em dilema: como conciliar
uma maternidade consciente e responsável sobre a alimentação da cria
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uma mulher sem nenhuma afinidade com a cozinha
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uma feminista nem um pouco politicamente apta a aprender
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um vício incontrolável por reality shows culinários (que não tinham entrado na história mas são um dado importante)
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Perdeu a feminista, perdeu Cecilia, que tem de comer o que eu tento cozinhar.
Cá estou, aos trinta e nem tão poucos, lendo e colecionando receitas (ainda no nível picolé), queimando coisas, acertando aqui e ali. Pensando que deveria ter ficado mais perto da mãe e da vó quando faziam almoço, em vez de ter a cara permanentemente mergulhada nos livros. Pensando que a gente sempre acaba virando a mãe, de um jeito ou de outro.
Nessa busca pela novavelha mulher (viva o pós-feminismo?), um livro que me ajuda muito é esse (que está esgotado):
(Além dos blogs bacanas como as delícias do Dudu, meu pratinho saudável e afins).